EMBRAPA e a arte de transformar morte em riqueza
Postado em 28/12/2010 à/s 22:00
O que são os direitos dos animais para a EMBRAPA? O que são para ela os sentimentos, o sofrimento e a dor dos animais não humanos? E a vida deles? Observando os esforços dessa empresa em promover a pecuária, a pesca e a aquicultura, podemos perceber que essas qualidades nada lhe valem.
Essa conclusão é fácil de ser tirada quando contemplamos a mais recente novidade da entidade: as pesquisas de criação de um “superpeixe”, que cresceria mais rápido e seria abatido muito mais cedo do que outros peixes. Via de regra, uma categoria de animais criados para serem comidos. Bichos que nascerão não para viver em liberdade, mas sim para criar músculos e morrer cedo.
A EMBRAPA, ao desenvolver o “superpeixe”, ensina aos brasileiros que alguns animais nascem com o fim único de serem escravizados, aprisionados e comidos. Ensina que a vida dos animais que nascem subjugados pela pecuária e pela aquicultura não vale nada, e que seus sentimentos e dores nada mais são que frias “variáveis” que precisam, em nome da qualidade dos seus “produtos” e do lucro, ser controladas por critérios de “bem-estar” – tendo inclusive o apoio de organizações pseudoanimalistas que pensam não em salvar os animais, mas sim em limpar a imagem dos pecuaristas e aquicultores da pecha de cruéis.
O que não impede, no entanto, que esses bichos jamais tenham o direito à liberdade que vá além das cercas da propriedade do pecuarista ou das paredes do minúsculo tanque do aquicultor. Ou que sofram insuportavelmente ao serem pendurados e degolados ou retirados da água que, no caso dos animais aquáticos, lhes provê oxigênio.
Além de prover esses “ensinamentos”, essa empresa estatal, com a seleção genética que originará o tal peixe “lucrativo”, mostra ao mundo que é mestre na “arte” de transformar vida em mercadoria e morte em riqueza. Afinal, os animais, para dar dinheiro aos seus “proprietários”, podem ser vendidos vivos, medidos em toneladas ou arrobas, ou ser mortos para a retirada de sua carne, couro, vísceras etc. Das mais diversas formas, sua vida e morte são transformadas em cifrões.
E no fundo de tudo, a EMBRAPA fala que quer incentivar o consumo de carne de peixe. Uma iniciativa que não só transforma vida, sofrimento e morte em dinheiro como ameaça os ecossistemas submarinos. Se a proposta é popularizar a venda da carne dos animais aquáticos, é de se pensar na possibilidade de haver um fatal efeito cascata que implique o aumento do consumo de carne de outros peixes, o subsequente aumento do extermínio pesqueiro nos mares, rios e lagos brasileiros e, logo, a piora na ameaça de extinção faunística que espreita as águas do planeta.
É assim que a EMBRAPA trabalha contra os animais, mantendo e fortalecendo o atual sistema de escravidão e abate que, na pecuária, pesca e aquicultura, reduz a vida animal a nada e transforma a morte em coisa rentável. Realiza, a cada pesquisa que envolve animais “comestíveis”, a proeza de criar vidas que não servem para viver, animais que não servem para a liberdade. Reduz os bichos, e todos os seus sentimentos e sensibilidades, a meros corpos insensíveis que serão vendidos no supermercado como carne.
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